Eu, vestibulando



Jogue no Google a frase "como estudar" e você verá vários depoimentos de gente que aprendeu as mais variadas coisas com as mais variadas situações. Mas vou contar uma parte da minha história.

Se você me conhece, sabe que sou professor de Química e de Ciências há mais de vinte anos, e me formei pela Unicamp.

Agora vou contar uma coisa que me aconteceu que não costumo compartilhar muito.

Certa vez, na sala dos professores, um outro colega professor disse mais ou menos o seguinte:

"Eu tenho pena desses alunos que estudam tanto por um sonho... Uma coisa é certa: o melhor professor desta escola não passaria hoje no vestibular."

Eu e outro professor amigo meu, Edson, questionamos e dissemos que ele não poderia dizer aquilo, porque estava generalizando a partir de sua experiência pessoal e de um ponto de vista limitado. Então ele retrucou e disse:

"Vocês, por exemplo, não passariam em um curso de alta concorrência."

Aquilo nos incomodou e a conversa depois tomou um outro rumo.

Naquele tempo a gente prestava a prova do vestibular, só a primeira fase, para responder as questões da nossa área e sair com a prova para fazer um gabarito extra-oficial para um portal da internet.

Mas aquele ano seria diferente. Com orgulho ferido, decidimos prestar pra valer o vestibular daquele ano. Será que o nosso colega estava certo e a gente errado? Precisávamos tirar a prova.

Tínhamos dois meses até as provas, escolhemos o curso que iríamos prestar a prova e traçamos algumas estratégias para rever boa parte dos assuntos de outras matérias. Resolvemos que iríamos estudar cerca de duas horas por dia (naquela época eu lecionava umas 50 aulas por semana) e pegar apostilas velhas da escola.

Era 2010. Eu resolvi prestar Midialogia e o Edson prestou Engenharia Química, na Unicamp. Passei na segunda chamada e o Edson na primeira. Na reunião pedagógica do começo do ano, aquele mesmo professor desdenhou e disse:

"Ah, vocês até passaram mas não foi em Medicina."

Puro espírito de porco.

Em 2011, passei em Direito na Unesp. Não iria fazer, porque também passei em um programa de Pós-Graduação no Instituto de Economia da Unicamp: Marketing Organizacional. Resolvi fazer a pós.

Em 2012 só prestei as primeiras fases, porque ainda estava na pós.

Em 2013 e 2015 prestei o ENEM e consegui mais de 850 pontos na média geral (minha fraqueza foi Humanas) o que faria eu entrar em cursos bem concorridos, como Engenharias e Medicina, em diversas universidades públicas.

O professor espírito de porco não trabalhava mais comigo e eu também não precisava mais provar que a teoria dele estava errada.

Meu último vestibular que prestei foi em 2017, onde prestei pra valer para cursar Matemática na Univesp. Resolvi prestar nas férias de julho e me inscrevi no último dia. A prova era em três semanas. Passei.



Minha nota? 98.266. Primeiro lugar! Agora iria começar a cursar minha nova graduação, um sonho antigo: Matemática.

Atualmente leciono 41 aulas por semana. Sou casado, pai, dois filhos, 43 anos de idade. Ainda arranjo tempo para fazer um ou outro aperfeiçoamento e curso livre e estou no oitavo bimestre da faculdade de Matemática.

Posso dizer uma coisa? Acreditem em vocês. Não desistam porque alguém disse que vocês não conseguirão. E direcione suas energias para o seu objetivo. Eu poderia estar cursando Medicina, Direito ou Midialogia mas não são a minha praia. Eu sou educador. Mas, seja qual for o seu sonho, monte sua estratégia e siga em frente. Fui vestibulando algumas vezes, tive sucesso. Você também vai ter.

Abraços!

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