Quatro Nobéis e jovens promissores se reúnem ao redor da ciência do futuro

Começaram na manhã desta segunda-feira, no Centro de Convenções da Unicamp, as aulas da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) sobre “Produtos Naturais, Química Medicinal e Síntese Orgânica”, com a presença dos Nobéis de Química Ei-ichi Negishi (2010), Ada Yonath (2009), Richard Schrock (2005) e Kurt Wüthrich (2002). A organização já comemora o sucesso do evento, que a coordenadora Vanderlan Bolzani chama de mini-Lindau – referência à cidade alemã onde laureados se reúnem anualmente com jovens pesquisadores do mundo todo. “Logicamente, lá é muito maior, são 17 prêmios Nobel e em torno de 400 estudantes e jovens pesquisadores. Mas o clima daqui é o mesmo”.


A ESPCA é um programa da Fapesp que envolve cursos de curta duração em ciência e tecnologia para alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorado. Esta edição, que vai até quinta-feira, é organizada conjuntamente por Unicamp, USP, Unesp e UFSCar, com patrocínio da Sociedade Brasileira de Química (SBQ). “É um curso muito importante e mais ainda para Unicamp enquanto sede, pois mostra que nosso grau de internacionalização e exposição no exterior está aumentando”, afirmou o professor Fernando Costa, reitor da Unicamp.
Duzentos estudantes (50 do exterior) participam da ESPCA: jovens promissores em contato com lideranças da pesquisa mundial
O reitor Fernando Costa na cerimônia oficial de abertura: dimensão do evento mostra aumento no grau de internacionalizaçãoForam selecionados 200 estudantes para participar da Escola e, se a presença de quatro laureados com o Nobel já seria atrativo suficiente, eles ainda assistem a palestras de outros 14 cientistas que estão na fronteira das pesquisas em química de produtos naturais, química medicinal e síntese orgânica. “No jantar de recepção de ontem à noite [domingo], foi fascinante ver essa moçada junto com os palestrantes. É como olhar o futuro. A ideia é justamente discutir ciência de maneira informal, fazer com que os alunos não se inibam e entrem em contato com cientistas que realizaram importantes descobertas neste ramo da química”, disse Vanderlan Bolzani. Segundo a docente da Unesp, as três áreas focadas no evento representam o cerne da química orgânica, que ela considera “a química da vida”.


Glaucius Oliva, presidente do CNPq: “A internacionalização é foco também das agências federais de fomento”“Vemos química orgânica em tudo ao redor: na fotossíntese das plantas, na nossa respiração, na modernidade: o homem chegou aos 75 anos de expectativa de vida graças aos medicamentos obtidos na química orgânica. Esta é a primeira Escola Avançada de química, visando preparar as futuras gerações de cientistas não apenas para manter o que já construímos, mas para construir coisas muito mais arrojadas e avançadas em ciência e tecnologia no Brasil”.
O professor Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa da Unicamp e membro do comitê científico da ESPCA, demonstrava sua satisfação com a chegada de todos os estudantes selecionados. “Essa interação vai render bons frutos para o Estado de São Paulo e em particular para a Unicamp, aumentar o nosso relacionamento internacional e, ao mesmo tempo, atraindo pesquisadores promissores para cá. É um evento que mostra o esforço que estamos dedicando às novas gerações, que vão decidir o futuro não apenas da química, mas de como a ciência e a tecnologia vão se desenhar para as próximas décadas no Brasil”.Na opinião do presidente do CNPq, Glaucius Oliva, a ESPCA da Fapesp é um dos modelos mais eficientes encontrados para promover a interação e a colaboração internacional. “É um programa que está fazendo a diferença em São Paulo.
Vanderlan Bolzani, coordenadora geral do encontro: “A ideia é discutir ciência de maneira informal, sem inibição”
Ronaldo Pilli, pró-reitor de Pesquisa: objetivo de atrair jovens pesquisadores para o Estado de São Paulo e a Unicamp

A aproximação entre lideranças da pesquisa e jovens cientistas é o que vai levar a futuros projetos que beneficiem não apenas ao país, mas à ciência mundial. A internacionalização é foco também das agências federais, sendo que o CNPq e a Capes anunciaram recentemente o programa Ciência sem Fronteiras, destinando 3,2 bilhões de reais para que 75 mil estudantes e pesquisadores tenham aperfeiçoamento no exterior, especialmente em ciência, tecnologia e inovação”.

Glaucius Oliva também falou sobre a pertinência de se comemorar o Ano Internacional da Química, considerada hoje uma ciência central para o desenvolvimento econômico do Brasil. “Apenas no que diz respeito à balança comercial, o país tem um déficit de quase 6,5 bilhões de dólares por ano na área de fármacos, por importar princípios ativos.Na indústria química em geral, tirando os fármacos, o déficit é de 16 bilhões de dólares, o que mostra o tamanho do grande desafio de incorporar inovação ao ambiente industrial brasileiro”.


Fonte: Unicamp

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